Foto: Márcio Cunha
Se tem algo
que nos une e identifica e a paixão. E se tem algo que vai continuar fazendo
nossos corações vibrarem na frequência dos gritos histéricos, raivosos,
passionais que partem da arquibancada em direção ao gramado é jogar a Série A
do brasileirão. Mesmo quando deixar de ser novidade, vai continuar parecendo
inédito. Cada partida, antes mesmo do apito inicial, é prova de como somos
grandes. Cada partida, independente do resultado, é marca da nossa meritocracia.
Hoje, no jogo
que marcou a estreia do nosso Verdão, pelo segundo ano, na primeira divisão do
campeonato brasileiro, não poderia ser diferente. Antes da partida os ponteiros
do relógio se arrastavam e o tempo insistia em não passar – parece não saber
que todo minuto sem ver a Chape jogar é sinônimo de saudade. O clima instável,
a temperatura oscilando... Mas todos os caminhos conduzindo a um só destino: a
nossa Arena Condá. E ali, nas arquibancadas coloridas pelo verde e branco,
havia algo de sólido, além do concreto: a atmosfera do espetáculo. Pairavam
entre os torcedores alguns nebulosos receios. Medo de que a apática estreia do
ano passado, contra o mesmo Coritiba, se repetisse. Bastou o juiz dar início a
partida para percebermos que o filme seria outro.
Três minutos
de jogo, o primeiro gol do brasileirão e a tentativa – infeliz – de estragar a
nossa festa. Rafhael Lucas aproveitou cobrança de escanteio e estudou as redes
da meta que defendia o goleiro Danilo. Balde de água fria, propício para
acordar. Vai além do meu entendimento saber o que se passa na mente de qualquer
ser humano, mas ali, naquele momento pós-gol, despertamos da letargia com um
chacoalhão de “pera aí, isso aqui não é treino. Isso aqui é campeonato
brasileiro. Isso aqui é guerra”. Dali em
diante não vimos primor técnico, mas vimos raça. E é isso que nos diferencia. E
foi isso que nos moveu em direção ao gol de empate. Aos 29 minutos da primeira
etapa Elicarlos arriscou de longe e com “assistência” do goleiro do Coxa,
cravou o empate. A Chape, madura e concisa nas jogadas, levantou a torcida e deixou
o gramado, para o intervalo, abaixo de aplausos.
No retorno
para a etapa final, ameaça de volta à inércia. A Chape chegava ao ataque, mas
pecava na precisão das finalizações. Na cabeça dos torcedores – mais realistas
ou pessimistas – já começava a ecoar a máxima de que “quem não faz, leva”. A
aflição, no entanto, foi apaziguada aos 20 minutos, quando Roger recebeu belo
passe de Ananias e comprovou a eficiência do nosso ataque. Os 2 x 1 no placar,
mesmo com muita bola pra rolar, por algum motivo nos deram a certeza de que estes
três pontos eram nossos. E quando uma fina chuva caiu sobre o velho Condá,
dispersando os torcedores, deu pra notar, com mais facilidade, que não havia
nenhum rosto ali que não estampasse um sorriso.
O time jogou,
a torcida jogou junto e a vitória veio. E mais do que a vitória, uma sensação
de alívio por ver as peças e engrenagens da patrola verde e branca se
encaixando. E mais do que os três pontos, o gostinho – mesmo que breve – da liderança.
Não era treino; era campeonato brasileiro. E campeonato brasileiro é guerra. E
em guerras, meus amigos, só se entra pra ganhar.
Avante, Chape!
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